O Açude recebeu grande aporte de água e voltou a sangrar, trazendo alívio para a população local. Conheça um pouco da história dessa importante fonte de água para a região.
Imagem áerea da parede e sangradouro do açude Riacho do Sangue. Foto: Gesiel Lins
O Açude Riacho do Sangue, também conhecido como Boqueirão, é um açude brasileiro localizado no estado do Ceará. Construído sobre o leito do Riacho do Sangue, no município de Solonópole, a barragem do açude tem 308 metros de comprimento por 86,5 metros de largura na base e 6 metros no coroamento, com uma altura de 21 metros. Sua capacidade é de 58,43 hm³ e sua bacia hidrográfica é de 1368,58 km². A cota máxima do açude é de 118 metros.
O idealizador da construção do Açude Riacho do Sangue foi o filho da terra e estudante de engenharia chamado Leopoldo Rodrigues Pinheiro. Ele solicitou às autoridades do estado do Ceará na época que enviassem Tomaz Pompeu de Souza Brasil para realizar os estudos necessários para o barramento do Riacho do Sangue, em meados de 1911.
O açude teve seu início na seca de 1915. Sua inauguração aconteceu em 9 de março de 1918, quando foi inteiramente entregue à administração da Inspetoria de Obras Contra a Seca, hoje DNOCS. Presentes ao ato de inauguração, além das autoridades constituídas e envolvidas na obra, estavam o coronel Semeão Correia Pinheiro Machado (representando o Presidente do Estado), coronel José Cavalcante Pinheiro, coronel Bernardo Bezerra, José Climério Pinheiro de Andrade, capitão Antonio Henrique de Almeida, entre outras importantes personalidades do município, que assinaram atas de inauguração e transferência.
O Açude Riacho do Sangue transbordou pela primeira vez em 1917, com uma lâmina de 2 metros, colocando em risco toda a construção da barragem. Os trabalhadores que estavam no vertedouro tiveram que correr para a parede para evitar maiores danos.
Em 1919, o açude teve uma grande importância durante uma seca avassaladora, quando muitos habitantes mudaram-se para suas margens na esperança de sobrevivência, já que o município era totalmente dependente da agricultura de subsistência.
Em seu histórico, o açude Riacho do Sangue chegou a uma sangria com uma lâmina de 3 metros em 20 de março de 1921, inundando a rua primitiva existente na época às margens esquerda do rio.
O açude passou por um período delicado na década de 60, quando foi necessário esvaziar a barragem, chegando a 3% de sua capacidade, para eliminar os grandes cardumes de piranhas existentes no açude, utilizando um pó chamado TIMBÓ.
Mas um dos piores períodos para a barragem foi a estiagem entre os anos de 2012 a 2018. Em janeiro de 2018, o açude ficou com apenas 0,06% de sua capacidade, ou seja, totalmente seco após 100 anos de sua inauguração em 1918. Esse período de seca afetou gravemente a região de Solonópole, que dependia do açude para o abastecimento de água e para a irrigação das plantações. A população teve que enfrentar uma crise hídrica sem precedentes, com racionamento de água e a busca por alternativas para sobreviver.
Durante esse período, o governo estadual e municipal tomou diversas medidas para amenizar os efeitos da seca, como a perfuração de poços artesianos. Além disso, foram implementadas medidas de conscientização sobre o uso racional da água, visando à preservação dos recursos hídricos da região.
Felizmente, após anos de espera, o Açude Riacho do Sangue atingiu sua capacidade máxima e voltou a sangrar em março de 2023. Esse momento marca uma nova esperança para a região, que agora pode contar com a recuperação desse importante reservatório de água. A sangria do açude traz alívio para os agricultores, pescadores e toda a população de Solonópole, que depende do açude para sua subsistência e desenvolvimento econômico.